sexta-feira, 29 de maio de 2009

SETE

Por Madalena S.

A nossa casa não tem portas nem janelas.
É aberta
Às correntes de ar permanentes
Ao gelo de Janeiro
Ao fogo de Agosto
À vaidade do arquitecto que riscou as paredes-mestras
À perfeição do pedreiro que argamassou os tijolos
À arte do canteiro que cantou a chaminé em rochedo de granito

A nossa casa não tem portas nem janelas

Para que o ar límpido das manhãs de inverno possa atravessá-la
Sem intervalos.

A nossa casa é tão perfeita que induz a cobiça dos vizinhos.
Por causa disso mandei pintá-la de amarelo.